segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Ai que saudades!

Ai que saudades!!!

Quando vejo hoje em dia pela altura do Natal, as pessoas adultas e vacinadas fazerem tão enorme quantidade de compras, pergunto-me. Onde se encontra no meio de todas essas compras, o espírito natalício?

Absolutamente, em lado nenhum. Todos estão contentes unicamente, ao pensarem nas prendas que vão dar e principalmente nas que vão receber.

Não vejo nos olhos das pessoas, o brilho das emoções que eu então sentia.

Apenas aproveitam para esbanjar, a torto e a direito o que têm e mesmo o que não têm, pois nesta época natalícia mesmo com a crise mundial, as pessoas ultrapassam muitas vezes a medida das suas possibilidades. Nem a crise consegue reduzir o consumo, nesta época natalícia. Enquanto isso, existem milhões de pessoas por esse mundo fora a passarem fome, por não terem meios de subsistência.

O dia de Natal, transformou-se num dia de enormes despesas. Talvez o dia onde as pessoas mais consomem. São brinquedos a granel, sem peso nem medida. É um dia, onde as pessoas parecem ter perdido o controlo, sobre o orçamento familiar. É principalmente, o melhor dia do ano para o comércio. Tenho mesmo a impressão de que as pessoas pensam em tudo, menos na definição da palavra Natal.

As reuniões familiares no dia de Natal, já não têm o mesmo sabor. Em tempos idos, essas reuniões eram aproveitadas para um convívio fraternal, onde todos se sentiam felizes e impregnados do espírito natalício. Muitas velhas zangas acabavam-se nesse dia, enquanto os protagonistas conversavam amigavelmente.

Nesse dia, em vez de comermos à mesa, punha-mos algumas mantas ou cobertores estendidos no chão em soalho, as panelas ou tachos cheios de bacalhau, batata cozida e alguns legumes pousados em cima das mantas no centro e nós sentávamo-nos nas beiras das mantas, à volta dos tachos com o prato à nossa frente. A nossa ceia nesse dia, era um jantar melhorado. Como doçaria tínhamos o bolo-rei e algumas doçarias caseiras. Também não faltavam as rabanadas e a aletria. Isto, em bons anos.

As pessoas no fim da ceia, iam à missa do galo e no regresso a casa, íamos ver os nossos socos ou tamancos na chaminé para desembrulharmos o papel jornal, onde encontrávamos algumas; castanhas, nozes ou figos secos. Nas casas de famílias humildes, eram essas as nossas prendas. E só com isso, já nos dávamos por felizes pois sabíamos que em muitos lares, nem isso tinham. Depois, enquanto comíamos algumas castanhas ou nozes, os adultos contavam lindas histórias que eu adorava ouvir, enquanto o tempo passava. Quando acabavam as histórias, começávamos a jogar a feijões pela noite dentro, ao quino (loto) ou à rapa. Nos tempos do arroz de quinze, esse dia tinha muito mais valor e encanto. Por vezes, acabávamos o serão indo cantar cânticos de Natal a casa de familiares, ou então eram eles que vinham à nossa.

O progresso é muito importante, mas neste dia, eu preferia não ter televisor em casa. Hoje, as novas gerações preferem ver filmes. Ficam a ver filmes, uns atrás dos outros, até lhes dar o sono. O dito convívio, é praticamente inexistente.

Em vez de ser um serão reservado ao convívio familiar, passou a ser um serão entregue à televisão. Pelo que vejo nos dias de hoje, esse dia, perdeu todo o seu significado. As pessoas de hoje, não se interessam pelo nascimento de Jesus Cristo. Só pensam no pai Natal e nos presentes que “ele” possa trazer!

Só os inúmeros presentes têm valor. O resto, é conversa fiada. Enfeitamos o pinheiro, fazemos o presépio, mas depois é como se nem o tivéssemos feito. Pura e simplesmente, esquecemo-lo no canto onde o fizemos.

Da forma como hoje as pessoas reagem ao Natal, praticamente não existe cristianismo.

Portanto o Natal é uma festa cristã, mas os cristãos hoje em dia o que querem é rambóia


Ó tempo, volta para trás

Traz-me os Natais que eu vivi

Tem pena e dá-me a paz

Que nesses Natais senti

Traz de volta a dignidade

Desses Natais de outrora

Faz-me matar a saudade

Não esperes, fá-lo agora


Para todos,

um

Santo

e

Feliz Natal,

e

um próspero Ano Novo,

repleto de Saúde,

Paz, Amor e Alegria!

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